Na obra “Utopia”, de Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita e em harmonia, a qual é livre de conflitos e mazelas. Todavia, fora de ficção, a realidade contemporânea está distante disso, haja vista os desafios para acolher os refugiados no Brasil. Por certo, a negligência governamental e a desigualdade social são fatores que favorecem esse quadro.
Percebe-se, a princípio, que o descaso estatal possui íntima relação com o revés. Nessa ótica, de acordo com o filósofo John Locke, configura-se como um rompimento do Contrato Social, já que o Estado não cumpre com sua função de garantir que todos desfrutem de seus direitos. Assim, devido à débil ação do Poder Público e à insuficiência de legislações, os impasses para acabar com a invisibilidade vivenciada pelos cidadãos vindos de outros países, sejam eles franceses, alemães, ingleses, italianos, entre outros, têm crescido cada vez mais no Brasil. Dessa forma, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.
Ressalta-se, ademais, a situação de vulnerabilidade em que diversos imigrantes estão inseridos como impulsionadores do problema. Nesse contexto, segundo o escritor Ariano Suassuna, o Brasil é dividido em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos. Sob esse viés, grande parte dessas pessoas vivem em condições precárias, por isso, tendem a aceitar qualquer coisa e realizam até mesmo trabalhos sem remuneração; o que faz com que as dificuldades para enfrentar essa problemática aumentem e tornem esses refugiados cada dia mais invisíveis perante o corpo social. Destarte, é imprescindível que haja mudança.
Infere-se, portanto, a necessidade de combater essa problemática no Brasil. Logo, cabe ao Governo, como Ministério do Trabalho, desenvolver leis mais rígidas e projetos sociais, por meio de petições e da criação da campanha “Refugiado também é gente", a fim de vencer os impasses enfrentados pelos imigrantes em questão e garantir que passem a ser enxergados e não sofram mais com a invisibilidade e a desvalorização. Por conseguinte, uma sociedade mais próxima da que é citada em “Utopia” será consolidada.