O filme americano "Coach Carter: Treino para a Vida" narra a história de Ken Carter, um treinador de basquete que impõe disciplina e responsabilidade a seus jogadores, a maioria dos quais vêm de bairros segregados e têm dificuldades acadêmicas. Dentre múltiplos temas, a trama expõe como o esporte é uma ferramenta para a educação e desenvolvimento pessoal, promovendo debates que se igualam ao atual cenário contemporâneo, entre os vários, podemos citar a discriminação racial e o acesso desigual a recursos esportivos.
Nesse sentido, cabe destacar a discriminação racial sofrida pelos esportistas como agravante nos índices para o enfrentamento do esporte como mecanismo de inclusão social. Isso porque, a discriminação racial e étnica cria um ambiente hostil dentro das equipes e competições, maximizando efeitos negativos na saúde mental e motivação dos atletas. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), revelou que atletas negros desenvolvem ansiedade e depressão devido ao racismo, condição que impacta diretamente na motivação e no desempenho esportivo. Logo, a constante exposição a preconceitos diminui a autoestima dos atletas, minando os benefícios do esporte em termos de desenvolvimento pessoal e social, o que contradiz o papel esportivo como um espaço de união e companheirismo.
Ademais, é notório a participação do acesso desigual a recursos esportivos como obstáculo da problemática exposta no tema. Desse modo, torna-se perceptível como a falta de infraestrutura adequada em campos, quadras e equipamentos esportivos, limita a participação da comunidade em atividades esportivas, o que perpetua desigualdades e exclui oportunidades. A pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analisa como a ausência de recursos adequados, treinadores qualificados e apoio financeiro, afetam diretamente a participação da juventude no esporte, limitando suas oportunidades de desenvolvimento atlético e inclusão social. Por fim, a desigualdade no acesso a recursos esportivos contribui para a exclusão em comunidades carentes, o que afeta a motivação e constância de atletas em diferentes contextos socioeconômicos.
Portanto, é necessário a adoção de medidas que amenizem o problema. Dessa maneira, cabe ao Ministério do Esporte, órgão responsável pela formulação de políticas públicas relacionadas ao esporte e lazer do Brasil, investir na construção e manutenção de infraestruturas esportivas como quadras poliesportivas, piscinas públicas, campos e pistas de atletismo em comunidades menos favorecidas, por meio de recursos financeiros alocados pelo governo federal, afim de garantir o acesso comunitário a instalações de qualidade e, a longo prazo, reduzir as disparidades regionais no acesso a projetos desportivos. Tudo isso com a finalidade de atender às necessidades da comunidade e promover a inclusão social, tal como o filme "Coach Carter: Treino para a Vida".