Desde os primórdios da história humana, a busca por formas de otimizar a existência impulsionou o desenvolvimento de instrumentos técnicos. No presente, esse impulso atinge seu ápice com os avanços acerca do uso da inteligência artificial na sociedade contemporânea, os quais remodelam a forma como os indivíduos se relacionam com o trabalho, a informação e até mesmo com a própria identidade. Tal transformação, embora repleta de potencialidades, carrega consigo desafios éticos e sociais inadiáveis. Essa ambivalência tecnológica é antecipada na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, ao criticar, com ironia, a indiferença das elites diante do sofrimento coletivo comportamento que hoje pode ser reproduzido por algoritmos desprovidos de humanidade.
Sob a perspectiva da filósofa Hannah Arendt, a técnica jamais é neutra: ela reflete as decisões morais de quem a produz e utiliza. Aplicando esse pensamento ao uso da inteligência artificial, percebe-se que, embora os algoritmos prometam eficiência, eles podem reforçar desigualdades quando moldados por estruturas sociais excludentes. No Brasil, observa-se esse fenômeno em aplicações tecnológicas que reproduzem vieses raciais ou dificultam o acesso de populações periféricas a direitos fundamentais. Assim, os avanços da inteligência artificial, quando não acompanhados de reflexão crítica, correm o risco de amplificar assimetrias já consolidadas.
Essa tensão entre progresso e responsabilidade é exemplarmente ilustrada no filme Nossos Tempos (2025), no qual dois cientistas mexicanos dos anos 1960 são transportados para o futuro e confrontam valores sociais e científicos distintos dos de sua época. A personagem Nora, ao ser finalmente reconhecida como cientista, simboliza os frutos positivos de uma sociedade que evolui tecnologicamente com justiça e inclusão. Já o incômodo de Héctor revela o medo diante de um futuro regido por novas lógicas. De forma análoga, a sociedade contemporânea deve encarar os avanços da inteligência artificial não como ameaça, mas como oportunidade desde que orientada por valores éticos, democráticos e coletivos.
Portanto, é imprescindível que os avanços acerca do uso da inteligência artificial na sociedade contemporânea sejam acompanhados por ações conscientes e reguladas. O Estado deve implementar políticas públicas que garantam a transparência algorítmica, a inclusão digital e o combate a preconceitos automatizados. As instituições de ensino, por sua vez, precisam formar cidadãos preparados para interagir criticamente com a tecnologia. Além disso, a sociedade civil deve se engajar em debates sobre o futuro da inteligência artificial, assegurando que o avanço técnico esteja a serviço da dignidade humana, e não da sua instrumentalização.
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Seu texto está muito bom! 🎉 Você abordou o tema da inteligência artificial de forma completa e pertinente, com uma estrutura clara e bem definida. A introdução contextualiza bem o assunto, mencionand... ver mais
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