A novela "Totalmente demais", estrelada por Fábio Assunção, retrata as dificuldades vividas por Eliza em sua ida para o Rio de Janeiro. Em determinado momento do trama, a personagem principal realiza um transplante de rim para seu amado que estava hospitalizado, o salvando da morte. Seguindo esse recorte literário, a doação de órgãos é essencial para salvar vidas, como visto na obra supracitada, porém, infelizmente, essa prática tem dificuldade para aumentar no Brasil. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado e a formação acadêmica são as causas dessa problemática.

Em primeiro plano, evidencia-se que a negligência governamental é um contribuinte para diminuir a quantidade de doações no país. Isso acontece, principalmente, pelo fato de o poder público do Brasil, através dos Governos Municipais, não investir, de maneira adequada, em mecanismos que elucidem a população sobre a necessidade de doar órgãos para os centros de saúde, como divulgação em redes sociais, palestras em empresas e distribuição de livros didáticos sobre o assunto. Dessa forma, grande parte das pessoas não busca comunicar aos familiares o desejo de terem locais de seu corpo dados a hospitais onde são realizadas cirurgias, além disso, essa ausência de informação contribui para formar um pensamento preconceituoso que entende esse auxílio ao próximo como algo banal. Nesse contexto, a ineficiência do governo entra, infelizmente, em divergência com o contrato social do filósofo John Locke, que postula o Estado como um órgão criado para garantir o bem-estar dos cidadãos. Logo, é substancial a mudança desse cenário negativo.

Outrossim, é imperativo pontuar que as lacunas na grade curricular também dificultar a doação de órgãos no Brasil. Isso ocorre, sobretudo, porque a maioria das instituições de ensino nacionais não tem, em seu projeto pedagógico, aulas que mostrem o impacto salvívico dessa prática na recuperação de pessoas que perderam a funcionalidade de alguma parte do corpo. Consequentemente, essa falta de elucidação acadêmica faz com que os jovens, quando adultos, não procurem algum centro de saúde para se informar sobre os procedimentos exigidos para doar órgãos, o que é prejudicial para a sociedade brasileira, já que aumenta as filas de espera por doação, além de crescer o número de mortes por falta de solidariedade humana. Nesse prisma, o pensador grego Aristóteles, com sua máxima "A educação tem raízes amargas, mas seus frutos são doces", deixa explícito o quão fundamental a formação educacional é para o desenvolvimento humano. Então, é perceptível a relação entre ignorância e não ajuda.

Portanto, é Estado deve, por meio de um amplo debate entre Governos Municipais, sociedade civil etc., lançar um plano nacional para o problema. Tal projeto deverá focar, principalmente, em expandir a divulgação de informações sobre a necessidade de doar órgãos nos municípios, seja por palestras em empresas ou por redes sociais e livros didáticos sobre o tema, com a finalidade de aumentar o conhecimento da sociedade sobre o assunto e, com isso, expandir a quantidade de doações. Ademais, as escolas e os colégios devem ministrar aulas que elucidem os jovens sobre a questão. Sendo assim, casos como o visto na obra "Totalmente demais" serão mais presentes no Brasil.