Em seu diário “Quarto de Despejo” a autora Carolina de Jesus, na década de 1960, relata a sua realidade e as daqueles que estão à margem da sociedade e o quão vulnerável ela é no ponto de vista menstrual. No entanto, apesar de inúmeras mudanças sociais e políticas no cenário atual, não há dúvidas que o que aconteceu com Carolina ainda persiste. Nesse sentido, é imprescindível discutir as causas dessa falta de dignidade que deve ser atenuada, pois é um direito fundamental para uma população.
Com base nesse cenário, é importante perceber o quanto a pobreza menstrual advém da negligência governamental. Isso acontece porque, embora o país possua um sólido aparato legislativo, ele mantém-se restrito ao plano teórico, devido a morosidade do Estado, essa teoria é estudada pelo jornalista Dimenstein em sua obra “O Cidadão de Papel” e denuncia as dificuldades de conduzir a dignidade no Brasil. Dessa forma percebe-se que, apesar do Governo Federal ofertar absorventes gratuitos, de acordo com a UNICEF, agora em 2024, mais de 4 milhões de meninas não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais, ou seja, a falta de direitos sendo postos em prática ainda persiste no país desde a década de 60, prejudicando jovens, que são obrigadas a colocarem sua própria saúde em risco.
Além disso, cabe ressaltar que o silenciamento das mídias prejudica na disseminação de informações acerca da importância da dignidade menstrual. Essa questão ocorre ao fato da população considerar um assunto constrangedor, uma vez que a menstruação ainda é vista como um debate que deve ser evitado. Desse modo, é preciso da ajuda midiática para que se tenha outro pensamento sobre esse assunto, pois, segundo o professor Afonso Albuquerque a mídia brasileira é considerada como o quarto Poder, uma vez que ela gera grandes influências. Sendo assim, os mais prejudicados são os que não tem o acesso e conhecimento devido, portanto, a mídia divulgaria informações importantes e corretas.
Portanto, evidencia-se que a dignidade menstrual é um direito fundamental que requer maior valorização na sociedade, a fim de garantir a igualdade de acesso aos itens de higiene e cuidados necessários. Para isso, é necessário que o Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Saúde, em parceria com ONGs focadas em saúde feminina e empresas privadas, desenvolva o “Projeto Nacional de Incentivo A Informações Sobre A Menstruação”, que utilizará materiais educativos em vídeo e impressos, distribuídos em escolas e espaços públicos, além de campanhas nas redes sociais para alcançar um público mais amplo. Afinal, é dever do estado garantir o direito para todos.