Na música “imagine”, de John Lennon, é retratada uma sociedade que se une, apesar das diferenças culturais, a fim de alcançar a felicidade. Assim como na obra, fora da canção, a harmonia social é imprescindível para o desenvolvimento de uma nação. Contudo, no Brasil a xenofobia estrutural impede a concretização dessa união. Desse modo, nota-se um empecilho impulsionado tanto pela banalização da violência quanto pela negligência governamental.
Segundo o Laboratório de Demografia e Estudos Populacionais, a xenofobia é a rejeição e discriminação contra estrangeiros, manifestando-se desde discursos de ódio a diversas formas de violência e assassinato. Esse impasse, infelizmente, vem se tornando cada vez mais frequente na sociedade brasileira. De acordo com o portal de notícias G1, a xenofobia cresceu 874% na internet em um ano. A banalização da violência contribui para essa situação, uma vez que, com a crescente normalização da violência, as pessoas reagem com menos empatia e preocupação. Assim, a dor e o sofrimento dos outros são vistos como menos relevantes ou impactantes. Portanto, é de extrema importância combater a banalização da violência para que a xenofobia não se torne ainda mais enraizada na sociedade brasileira.
Ademais, a negligência governamental é um dos agravantes da xenofobia em nosso país. Conforme matéria publicada do site diplomatique acerca dessa discriminação, em março, no estado de Roraima, a Prefeitura de Boa Vista fechou repentinamente uma praça onde seiscentos venezueleses vivem acampados. Fomentar a baixa aceitação, violência e xenofobia são algumas das consequências da inoperância estatal. A diversidade cultural enriquece nosso país, trazendo uma gama de tradições, crenças, valores, línguas e costumes. Ao valorizar essa diversidade, ampliamos nossas perspectivas, aprofundamos nosso entendimento sobre culturas distintas e incentivamos a tolerância e o respeito mútuo. Logo, faz-se necessário aumentar a conscientização sobre a xenofobia e cobrar do Estado a aplicação dos nossos direitos humanos, pois, já dizia Aldous Huxley, "os fatos não deixam de existir só porque são ignorados".
Diante do exposto, para combater esses entraves, é de extrema importância que sejam feitas punições, fiscalizações contra xenofobia, fortalecer o reconhecimento do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, e relembrar o que é previsto na declaração dos direitos humanos. Para isso, o governo deve investir em campanhas de conscientização, promover a integração social dos imigrantes e garantir a aplicação de leis que protejam os direitos dos estrangeiros. Assim, caminharemos rumo a uma sociedade justa e inclusiva.