A era da informação, também chamada era digital, proporcionou ao mundo diversos benefícios, como a facilidade de comunicação e conectividade global. Todavia, o advento dessa nova era trouxe consigo um entrave relacionado à superexposição das crianças e adolescentes brasileiros de forma exacerbada nos meios digitais, que podem trazer consequências negativas as quais ameaçam a sua segurança. Dessa forma, é necessária a tomada de medidas para enfrentar este empecilho, que tem como obstáculos a excessiva vigilância presente na sociedade moderna e a negligência governamental.

Primeiramente, é válido salientar, que um dos fatores que influenciam a exposição infanto juvenil na internet é a vigilância social a que somos submetidos diariamente. Isso é comprovado pela definição de sociedade panóptica estabelecida pelo filósofo Michel Foucault, o qual determina que a sociedade impõe um controle social por meio da vigilância contínua e sistemática do comportamento das pessoas, punindo, dessa forma, aqueles que descumprem os regulamentos, através de violência física, institucional ou simbólica, a fim, de atingir seus fins. Tal perspectiva assemelha-se ao comportamento de pais que divulgam vídeos de seus filhos sofrendo castigos na internet como forma de repreendê-los por alguma desobediência, ou na propagação de vídeos em redes como o “Tik Tok”, no qual realizam brincadeiras que humilham as crianças e adolescentes, o que, por sua vez, acarreta no desenvolvimento de traumas psíquicos, além de abrir margem para intensificação do bullying virtual. É notável, portanto, que há a necessidade de haver legislações específicas que criminalizem a propagação desse tipo de conteúdo.

Ainda sob essa perspectiva, de propagação de vídeos humilhantes que expõem crianças e adolescentes no campo digital, no Brasil, outro fator que contribui para essa exposição é a negligência governamental. Apesar dos avanços nos termos legislativos, como o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Marco Civil da Internet, ainda faltam leis que criminalizem enfaticamente a exposição de vídeos e imagens de castigos e humilhações envolvendo crianças na internet. Infelizmente, tais violações ocorridas na infância e à adolescência são muitas das vezes invisibilizadas quando chegam no ambiente público da internet, por serem acometidas dentro do âmbito familiar, reforçando assim os desafios que tange essa problemáticas. Dessa forma, fica evidente que há a necessidade de se criar leis específicas e pontuais que sejam capazes de assegurar a proteção da criança e do adolescente.

Fica claro, portanto, que medidas são necessárias para resolver as questões relacionadas à superexposição de crianças e adolescentes na internet. Para tal, evidencia-se a importância da criação de novas leis pelo Poder Legislativo que se atenham, exclusivamente, aos crimes que envolvam a divulgação de conteúdo que viole a privacidade de jovens, bem como a criação de canais de denúncia próprios para tais crimes, a fim de incentivar as vítimas a solicitar ajuda quando necessário. Além disso, o Poder Público deve investir em campanhas publicitárias que visem conscientizar a população acerca dos perigos da exposição excessiva de crianças e adolescentes nas redes sociais, vinculando essas campanhas nas mídias digitais e também, no ambiente escolar de todo o país.