O filme “Lolita”, retrata a história de Humbert, professor de meia-idade, apaixonado pela sua enteada de doze anos e que após a morte da esposa, passa a abusar dessa jovem e manipulá-la. Analogamente a obra, no contexto hodierno nacional, crianças em situações vulneráveis sofrem pelos impactos da pedofilia. Dessa forma, seja pela negligência governamental, seja pela normalização no ambiente familiar, são fatores que naturalizam esse quadro problemático.
Nessa perspectiva, é válido ressaltar a omissão governamental como um impasse à resolução do empecilho. Diante disso, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”. No entanto, denota-se uma falha dos governantes em exercer os direitos básicos das crianças e dos adolescentes, uma vez que os jovens não possuem segurança e proteção garantidos pelas normas constitucionais. Logo, é imprescindível que as leis precisam ser efetivadas com maior rigorosidade.
Outrossim, cabe salientar que a naturalização de atos pedófilos no contexto familiar é outro desafio para combater o abuso sexual infantil. Acerca disso, de acordo com Hanna Arendt, a banalidade do mal é um mal que virou comum de ser praticado na sociedade. Sob essa óptica, as constantes práticas abusivas no ambiente familiar são causadas pela banalização das relações distorcidas por parentes próximos, os quais se aproveitam da inocência infantil para satisfação de desejos pessoais, resultando em sequelas psicológicas das vítimas. Assim, é necessário a urgência de ações para reverter esse cenário nefasto.
Portanto, urge a tomada de medidas resolutivas perante os crimes de pedofilia no país. Para tanto, o Governo Federal, órgão responsável por garantir os direitos dos cidadãos brasileiros, deve efetivar as leis existentes, por meio de fiscalização e monitoramento, os quais vão assegurar o treinamento adequado dos servidores públicos com o fito de manter a proteção das crianças e jovens do Brasil. Ademais, cabe ao Conselho Tutelar intervir na orientação familiar e proporcionar assistência social, com o intuito de combater os casos de abuso sexual infantil. Feito isso, a situação ficcional retratada em “Lolita” deixará de ser uma realidade na nação.