Na telenovela brasileira "Vai na fé" É retratado a estereotipação de personagens negros, visto que sem provas, o personagem Yuri é preso após ser reconhecido erroneamente pela vítima de um crime e após ter sua foto inserida no álbum de suspeitas da polícia, o personagem que é estudante de direito vai para a cadeia denunciado pelo um crime que não cometeu. Assim como na obra cinematográfica abordada, o racismo e a violência policial não se mantêm apenas no fictício e sim no conjunto brasileiro contemporâneo, uma vez que indivíduos que sofrem tal descriminação são marginalizados. Por isso nesse contexto, torna-se evidente discutir lacunas como o racismo estrutural em que a sociedade brasileira se encontra e a Legitimação da Violência Policial.
Nessa perspectiva é possível citar que a criação de esteriótipos agrava a permanência de raízes estruturais tradicionalmente discriminatórias posto que o negro se torna uma figura pejorativa. Sob esse viés como afirma o cantor e compositor Bezerra da silva em sua obra "preconceito de cor" o negro é sempre tido como suspeito, criminoso, mas branco que só "anda de terno", o "bandido de colarinho branco" não é preso, pois, o que define a linha da criminalidade, seguindo a lógica da estrutura social denunciada nesta canção, é a cor da pele. Nessa conjuntura é perceptível inferir que analogamente à teoria de Bezerra da silva a associação da violência policial no Brasil é histórico, cultural e persistente aos dias atuais, é retratado em notícias frequentemente no país inteiro, como André Cavaleiro foi agredido por policiais militares enquanto fazia um churrasco para comemorar a vitória em um jogo de futebol, apresentando essa violência como um meio "necessário" para a manutenção da ordem pública.
Outrossim, a Legitimação da Violência Policia é um dos inúmeros desafios que os indivíduos negros sofrem diariamente, sendo um modo de negligência e invisibilidade de um crime possivelmente responsabilizado pelos policiais. Sob essa ótica, segundo a filósofa Haile Selassie "Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra" remete ao exato problema discutido nas teses acima, aponta para a persistência do racismo como um fator divisivo e gerador de conflito na sociedade. Ela sublinha a superficialidade das divisões baseadas em características físicas e a profunda injustiça social que delas decorre. Nesse prima pode-se concluir que em consonância com o pensamento de Haile um grande desafio para quem vive esse exercício diário de preocupação, pela falta de estrutura social, e pela desvalorização de comunidades excluídas historicamente. Há o agravante da desigualdade de raça que factualmente é uma pauta em discussão para erradicação.
Portanto, é indubitável constatar que medidas são necessárias para corrigir essa problemática. Assim é imprescindível que a Secretaria Nacional de Segurança Pública em parceria com ONGs especializadas Implementem treinamento antirracista: treinamento obrigatório e contínuo sobre consciência racial, preconceito implícito e de escalação para todos os oficiais de polícia, a fim de reduzir a violência policial e o perfilamento racial através da reformulação das abordagens e práticas de segurança pública. E polícias estaduais e municipais estabeleçam abordagens de protocolos claros e transparentes para operações policiais, incluindo o uso de câmeras corporais (body cams) para monitoramento. Dessa forma somente quando enxergarmos além da cor da pele, reconheceremos a humanidade em cada olhar e construiremos uma sociedade verdadeiramente justa e inclusiva.