Na obra “Utopia”, do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, na qual o corpo social padroniza-se pela ausência de conflitos e problemas. Contudo, o que se observa na realidade contemporânea é o oposto do que defende o autor, visto que a luta contra a negligência com o meio ambiente em questão no Brasil apresenta barreiras, as quais dificultam a concretização dos planos de More. Nesse sentido, é necessário combater a omissão governamental e a falta de conhecimento da população diante desse assunto.

Diante desse cenário, a negligência do poder público influencia os problemas presentes no meio ambiente brasileiro. A esse respeito, de conforme o filósofo John Locke, o Estado deve garantir o direito básico de todos os cidadãos. No entanto, vê-se uma ruptura do “Contrato Social” teorizado pelo contratualista, uma vez que o Governo fecha os olhos para os problemas ambientais que estão acontecendo, como é o exemplo das enchentes que aconteceram agora em 2024 no Rio Grande do Sul, onde as pessoas que moram ou moravam naquela região foram afetadas de maneira drástica, deixando a impressão que se possíveis problemas fossem previstos e tratados como deveriam antes de acontecer, teria evitado toda aquela tragédia. Assim, enquanto a negligência do poder público for a regra, o cuidado com o meio ambiente será a exceção.

Além disso, os desafios que se tem para cuidar do meio ambiente no Brasil são frutos da falta de conhecimento presente na população. Segundo os estudos da filósofa alemã Hanna Arendt, em “A Banalidade do Mal”, o resultado do processo de massificação da sociedade formou indivíduos incapazes de realizar julgamentos morais, aceitando situações sem questionar. Nesse viés, o pensamento da filósofa se enquadra na sociedade brasileira, dado que a as mídias digitais deveriam disseminar informações relevantes para o conhecimento das pessoas, mostrando como evitar eventuais problemas, como por exemplo, mostrar quanto o gasto excessivo de água pode ser algo prejudicial, visto que é um elemento finito do meio ambiente, visto que a falta de conhecimento faz por muitas vezes a sociedade sofrer com suas próprias ações. Desse modo, observa-se que essa lacuna educacional precisa ser resolvida.

Depreende-se, portanto, que é necessário combater os desafios para que não aconteça mais a negligência com o meio ambiente no Brasil. Portanto, o Governo Federal — enquanto garantidor de direitos fundamentais —, deve criar medidas que controlem e reduzam esse impasse, por meio da fiscalização e criação de leis que façam com que todo mundo enquanto cidadão tenha por obrigação preservar o meio ambiente, sendo cabível a aplicação de multa caso visto alguém descumprir tal lei, a fim de que a preservação se torne algo primordial. Ademais, cabe ao Ministério da Educação — ramo do Estado responsável pela formação cidadã — difundir, por meio das mídias de grande alcance, campanhas instrucionais sobre os riscos que certas atitudes praticadas contra o meio ambiente podem impactar negativamente na vida do próprio individuo, a fim de reduzir o máximo possível os impactos causados pela falta de conhecimento. Logo, a sociedade “perfeita” idealizada por Thomas More, se tornaria próxima à realidade.