O drama cinematográfico “The Good Doctor” elucida, com clareza, os paradigmas que cercam pessoas autistas através do relado da vida de Shaun Murphy, um jovem médico que sofre preconceito por ter o transtorno do espectro autista (TEA). Todavia, ao sair da ficção, nota-se que a crítica retratada na série se assemelha a realidade atual de inúmeros brasileiros autistas, os quais enfrentam o desafio de não serem incluídos no corpo social brasiliense. Dessa forma, é imprescindível tecer uma análise acerca da discriminação à autistas e o consequente acesso limitado à educação.
Com efeito, é válido citar que o preconceito está diretamente atrelado a ausência de discernimento da população. Tal relação é evidenciada, pois, segundo o filósofo francês Voltaire, "Preconceito é opinião sem conhecimento”. À vista disso, a citação do pensador é pertinente para a discussão, uma vez que, em muitos casos, as pessoas constroem visões erôneas sobre o que é autismo, baseadas em esteriótipos de que esses são incapazes ou até mesmo loucos. Logo, é evidente que, enquanto a sociedade for alimentada pela ignorância, a efetiva inclusão social será inalcançável.
Ademais, é fundamental compreender como a exclusão de pessoas com TEA repercute na carência de usufruir dos direitos cruciais que o Estado garante, como a educação. Isso acontece porque instituições deficitam de uma infraestrutura específica para atender a demanda de estudantes autistas. Nesse sentido, uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) pondera que 26,9% das escolas não possuem nenhum recurso de apoio a pessoas com deficiência. Sendo assim, nota-se que devido a falta, pelas entidades educacionais, de suportes propícios para acolher pessoas autistas, indivíduos desse perfil permanecem à margem da coletividade. Destarte, medidas para o combate de tal mazela são necessárias para que haja uma inclusão social concreta.
Portanto, tornam-se claros os desafios a respeito da inclusão dos autistas no cenário brasileiro atual e infere-se a necessidade de combatê-los. Dessa forma, cabe ao Ministério da Educação reformular políticas públicas de educação inclusiva. Isso deverá ser executado por intermédio de, por exemplo, formação continuada aos profissionais e materiais adequados, com o fito de garantir a inclusão das pessoas autistas no tecido brasileiro. Assim, a Nação passará a ser mais inclusiva com pessoas como Murphy.