Segundo o filósofo francês Pierre Levy, a sociedade hodierna encontra-se "hiper conectada", em outros termos, as relações sociais estão categoricamente ligadas às inovações tecnológicas e suas repercussões. Consoante com Levy, os avanços científicos atuam concomitantemente com os meios de comunicação que, por sua vez, estão conquistando mais relevância e influência sobre os indivíduos que as consomem. Diante do exposto, compreende-se que a mídia de massa está amplamente inserida no cotidiano das últimas gerações e, por conseguinte, evidencia-se que a superficialidade nas redes sociais interfere nas relações interpessoais na sociedade atual.

Em primeira análise, ressalta-se que as plataformas digitais, como meio de comunicação e interação social, não expõe a realidade concreta de seus usuários. A série norte-americana "Black Mirror" apresenta em um episódio que para ser aceito na comunidade é necessário atingir padrões de vida inalcançáveis como os de status mais elevado, se não atingi-los serão excluídos da sociedade. Fora da ficção, o cenário de modelo de vida irreal é visto no ambiente comum, uma vez que, os veículos de mídia promovem este estilo de vida utópico a fim de alienar a população enquanto favorecem a cultura de massa no corpo social. Ademais, a superficialidade exposta na mídia altera a visão de mundo dos indivíduos, como também seus relacionamentos.

Em segunda análise, ressalta-se, ainda, que o avanço tecnológico influenciou as novas relações pessoais vigentes. No livro "Modernidade Líquida", do filósofo Zygmunt Bauman, é descrito que as conexões sociais e econômicas são frágeis, efêmeras e flexíveis, como um líquido. Nesse sentido, evidencia-se que as aparências promovidas pela mídia levam a relações interpessoais igualmente rasas, pois são moldadas por esse contexto, refletindo tudo aquilo em que é consumido. Sendo assim, os relacionamentos contemporâneos constroem uma sociedade inconsistente.

Em síntese, entende-se que a imprensa propaga uma distopia generalizada da realidade. Nesse cenário, é dever do Ministério de Comunicações, através da criação de um projeto social politizado que aborde as problemáticas acerca da propagação em massa, a execução de políticas públicas que promovam a valorização das interações sociais no espaço coletivo, com a meta de romper com sociedade líquida proposta por Bauman. E para que os indivíduos revitalizem um relacionamento social sólido.